Selo: Pomm_elo / Scubidu
Gênero: Samba, MPB, pop
Nossa avaliação: positiva
Faixas principais: Chá de Jasmin, Escalofobética, Pastel de Vento
Parece com: Céu, Tulipa Ruiz
A filha de Itamar Assumpção, que foi um dos nomes mais importantes da Vanguarda Paulistana, um movimento musical que reinou absoluto na cena alternativa e independente paulistana entre os anos de 1980 e 1990 e falecido em 2003 está de volta com um interessante álbum, seu terceiro, chamado Taurina que é uma referência ao signo da artista (nascida em 16 de maio) e na nossa opinião um dos mais introspectivos de sua carreira curta mas já seminal.
A primeira faixa, chamada Mergulho Interior, tem arranjos delicados que remetem ao folk, bem indie pop, feito com cordas, e a letra é bem introspectiva e o clipe para divulgação da faixa mostra uma figura feminina em um campo de flores, remetendo à delicadeza e ao intimismo da faixa. E convida a quem está ao seu lado a divagar pelo eu interior, divagando sobre auto ajuda, com versos em que isso fica explicitado, "Senta aqui comigo nessa pedra/ Descobre/ Teu drama".
A faixa seguinte a essa traz um arranjo mais típico da bossa nova, que é onde Anelis tem sempre brilhantemente situado a sua obra, com presença forte de teclados. A temática é de alguém que está desabafando sobre sofrer violência doméstica.
Você tava na cozinha
Eu chorava, cê fingia que não tinha amor ali
Quebrou cadeira, escorreu na frigideira
Foi mais fácil não viver aquele choro meu
E sonhando o meu estar sozinha
(...)
Naquele dia eu te dava na cozinha
Cê gozava e eu fingia que não tinha amor ali
Aqui fica bem presente que o eu-lírico sofre uma relação abusiva, mas acaba sendo submissa e desabafa nesses belos, mas intensos versos.
São versos fortes, mas emoldurados por uma melodia delicada. Segunda a sexta, ela brinca com a semântica das palavras sexta_rotina, cesta_ o necessário para a subsistência, e com os arranjos mais pop, há o desabafo sobre a difícil vida material que nós levamos hoje em dia nos versos:
Minha fruteira está vazia
Burocracia mandou avisar
Tão insalubre que essa vida anda
Com dia e hora para te encontrar.
Em pastel de vento, Anelis volta ao campo semântico de feira livre para refletir sobre a solidão, e isso fica bem claro nos versos:
Pastel de vento, silêncio no meio
Receio meu coração dentro
Nada de recheio no recreio
(...)
No meio do peito, azedo limão
No meio do peito, azedo limão
No meio do peito, azedo limão
No meio do peito
Coração ao meio é lento e ligeiro
A carência afetiva do eu-lírico da canção é o principal tema.
Escalofobética, que traz a participação nos backing vocais de Thalma de Freitas, também atriz, traz na sua introdução palmas suaves de sintetizadores, tem arranjos eletrônicos e faz uma reflexão sobre a mulher ser escrava no dia a dia do lar, fazendo brincadeiras e trazendo a presença de neologismos. Caroço traz também arranjos de cordas e reflete sobre solidão afetiva e privações materiais.
Mortal à toa traz a presença da ótima Tulipa Ruiz e de Ava Rocha nos backing vocais, tem melodia pop e tem arranjos que se aproximam do ska. Traz letra que reflete sobre a efemeridade do existir.
Paint my Dremas é em inglês e traz a introdução em português narrada por Liniker e os Caramelows, outro nome forte da MPB contemporânea, e é um ska bem gostoso e traz uma letra muito intimista. Amor de Vidro, como o nome bem sugere, traz introdução com o inovador arranjo de bater em uma garrafa, e também fala de as coisas da vida (principalmente relacionamentos), durarem tão pouco. "Frágil e delicado, nosso amor pode quebrar" e traz um questionamento: "Nosso amor será blindado?/ Ou não passa de casco de vidro retornável?" Água começa com guitarras e também mescla privações materiais com o relacionamento estar na berlinda. Moela traz um cacófato (Eu amo ele, ele moela) e é pop rock.
Encerrando o álbum, Receita rápida, que foi composta pelo pai de Anelis, traz a presença de Thalma de Freitas e da prestigiada Céu nos backing vocais, e é também um ska.
Anelis brinca com a a múltipla sonoridade (eletrônica, ska, pop rock, bossa nova) e com temas como carência afetiva, privações materiais, efemeridade de relacionamentos e violência doméstica/ relacionamento abusivo e traz um álbum essencial em sua discografia.
Gênero: Samba, MPB, pop
Nossa avaliação: positiva
Faixas principais: Chá de Jasmin, Escalofobética, Pastel de Vento
Parece com: Céu, Tulipa Ruiz
A filha de Itamar Assumpção, que foi um dos nomes mais importantes da Vanguarda Paulistana, um movimento musical que reinou absoluto na cena alternativa e independente paulistana entre os anos de 1980 e 1990 e falecido em 2003 está de volta com um interessante álbum, seu terceiro, chamado Taurina que é uma referência ao signo da artista (nascida em 16 de maio) e na nossa opinião um dos mais introspectivos de sua carreira curta mas já seminal.
A primeira faixa, chamada Mergulho Interior, tem arranjos delicados que remetem ao folk, bem indie pop, feito com cordas, e a letra é bem introspectiva e o clipe para divulgação da faixa mostra uma figura feminina em um campo de flores, remetendo à delicadeza e ao intimismo da faixa. E convida a quem está ao seu lado a divagar pelo eu interior, divagando sobre auto ajuda, com versos em que isso fica explicitado, "Senta aqui comigo nessa pedra/ Descobre/ Teu drama".
A faixa seguinte a essa traz um arranjo mais típico da bossa nova, que é onde Anelis tem sempre brilhantemente situado a sua obra, com presença forte de teclados. A temática é de alguém que está desabafando sobre sofrer violência doméstica.
Você tava na cozinha
Eu chorava, cê fingia que não tinha amor ali
Quebrou cadeira, escorreu na frigideira
Foi mais fácil não viver aquele choro meu
E sonhando o meu estar sozinha
(...)
Naquele dia eu te dava na cozinha
Cê gozava e eu fingia que não tinha amor ali
Aqui fica bem presente que o eu-lírico sofre uma relação abusiva, mas acaba sendo submissa e desabafa nesses belos, mas intensos versos.
São versos fortes, mas emoldurados por uma melodia delicada. Segunda a sexta, ela brinca com a semântica das palavras sexta_rotina, cesta_ o necessário para a subsistência, e com os arranjos mais pop, há o desabafo sobre a difícil vida material que nós levamos hoje em dia nos versos:
Minha fruteira está vazia
Burocracia mandou avisar
Tão insalubre que essa vida anda
Com dia e hora para te encontrar.
Em pastel de vento, Anelis volta ao campo semântico de feira livre para refletir sobre a solidão, e isso fica bem claro nos versos:
Pastel de vento, silêncio no meio
Receio meu coração dentro
Nada de recheio no recreio
(...)
No meio do peito, azedo limão
No meio do peito, azedo limão
No meio do peito, azedo limão
No meio do peito
Coração ao meio é lento e ligeiro
A carência afetiva do eu-lírico da canção é o principal tema.
Escalofobética, que traz a participação nos backing vocais de Thalma de Freitas, também atriz, traz na sua introdução palmas suaves de sintetizadores, tem arranjos eletrônicos e faz uma reflexão sobre a mulher ser escrava no dia a dia do lar, fazendo brincadeiras e trazendo a presença de neologismos. Caroço traz também arranjos de cordas e reflete sobre solidão afetiva e privações materiais.
Mortal à toa traz a presença da ótima Tulipa Ruiz e de Ava Rocha nos backing vocais, tem melodia pop e tem arranjos que se aproximam do ska. Traz letra que reflete sobre a efemeridade do existir.
Paint my Dremas é em inglês e traz a introdução em português narrada por Liniker e os Caramelows, outro nome forte da MPB contemporânea, e é um ska bem gostoso e traz uma letra muito intimista. Amor de Vidro, como o nome bem sugere, traz introdução com o inovador arranjo de bater em uma garrafa, e também fala de as coisas da vida (principalmente relacionamentos), durarem tão pouco. "Frágil e delicado, nosso amor pode quebrar" e traz um questionamento: "Nosso amor será blindado?/ Ou não passa de casco de vidro retornável?" Água começa com guitarras e também mescla privações materiais com o relacionamento estar na berlinda. Moela traz um cacófato (Eu amo ele, ele moela) e é pop rock.
Encerrando o álbum, Receita rápida, que foi composta pelo pai de Anelis, traz a presença de Thalma de Freitas e da prestigiada Céu nos backing vocais, e é também um ska.
Anelis brinca com a a múltipla sonoridade (eletrônica, ska, pop rock, bossa nova) e com temas como carência afetiva, privações materiais, efemeridade de relacionamentos e violência doméstica/ relacionamento abusivo e traz um álbum essencial em sua discografia.
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