Ano: 2018
Selo: Wondaland/ Bad Boy/ Atlantic
Gênero: R&B, Hip Hop, Soul
Parece: Sza, Solange
Boas: Pynk, Make Me feel, Crazy, Classic, Life.
Nossa Avaliação: Positiva
Janelle Monáe está de volta após cinco anos do lançamento de seu álbum Electric Lady, e pela primeira vez está com um novo trabalho que não segue o conceito de Cindi Mayweather de seu EP Metrópolis : Suíte ( The Chase) de 2007, e de seus dois primeiros álbuns, The Archandroid e Electric Lady, em uma narrativa atraente distópica, mas estará tratando da alienação que as redes sociais e a robotização causa nos sujeitos, tema muito em voga nos dias atuais. E de sexo, empoderamento feminino e revolta contra a nova onda conservadora nos EUA.
Janelle lançou dois ótimos singles para divulgação do trabalho, que já foram analisados em postagens antigas nesse blog, em que trazem influencias da R&B e do soul. E os clipes de divulgação do trabalho são de feições setentistas, bem nostálgicos e na faixa inaugural há a presença luxuosa de Brian Wilson, também conhecido por seu trabalho na lendária banda de rock The Beach Boys.
Em seu conceito, o álbum de Janelle resvala sobre orgulho da raça e sobre racismo. E sobre o empoderamento feminino, assuntos falados muito nos trabalhos dos últimos anos. E como não poderia deixar de ser, Janelle se concentra nas suas reflexões após a ascenção de Donald Trump, em seu conservadorismo chocando com ideias de progressão divulgadas pelo governo de Barack Obama (2009- 2017)
Na realidade o assunto desse álbum seria sobre a máquina lidando com o homem e as alienações que isso pode provocar. E trazer mais intensidade ao sexo, mulher e feminismo, política e a alienação do comportamento, tudo emoldurado pela influência de Prince, que aliás trabalhou com Monáe antes de falecer. E é estendido pela presença do filme Dirty Computer lançado no YouTube como complemento ao álbum. Mas que se relacionam mutuamente.
Na realidade Monáe renova consideravelmente as suas influências do R&B e dá vazão ao afrofuturismo, coisa que ela vem fazendo desde seu EP sobre Cindi Meaweather. E traz resvalos de Kanye West e as suas opera rap. Aliás ela faz réplica a cada declaração de West ( amiguinho de Trump) e do presidente norte americano, o triunfo do conservadorismo.
Traz o álbum várias influências do funk setentista de Prince, do R&B eletrônico das contemporaneidades como Frank Ocean e seu Blonde, arroubos tecnológicos de Blade Runner, e até mesmo da série da Netflix, Black Mirror. Crazy Classic Life fala de festas, Screwed traz rap sexual que com arranjos psicodélicos, Pynk traz a premissa de não adiemos o que podemos aproveitar nesse momento presente e a segunda parte do álbum nos expõe Janelle de forma mais desnuda, e real. E Janelle, recém-revelada como panssexual, em sua tentativa de explorar sua própria sexualidade. Como em sua colaboração com Grimes, cantora canadense em cujo álbum Art Angels Janelle havia também colaborado: “Uma celebração impetuosa de criação. Amor próprio. Sexualidade. E o poder da buceta.”
No final, Dirty Computer traz as confissões de alguém desabafando sobre a perspectiva de alguém que encontrou o seu lugar no mundo, o alívio que isso lhe deu. E que nada nesse universo é perfeito e tem seus defeitos e que devemos sempre procurar ampliar e melhorar nossa perspectiva do mundo. Ela traça um mundo muito mais caótico e mais complexo do que possamos pensar ele ser.
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