Ano: 2018
Selo: Domino
Gênero: Rock, pop, eletrônica, lounge pop
Parece com: The Last Shadow Puppets
Boas: Star Treatment, Four Out Five
Nossa Avaliação: Mista
Os Arctic Monkeys nos deixaram sem notícia por cinco longos anos, isso depois do lançamento de AM, que é de longe o seu álbum mais conhecido e mais apreciado por pessoas mesmo de fora da sua fã base, por ter trazido elementos de stoner rock ( sabe-se que esse álbum foi co-produzido por Josh Homme, o frontman do Queens of The Stone Age, e a banda se mudou inteira para Los Angeles no processo de composição e de gravação de sua mais nova obra) e músicas pop e de fácil acesso. É na verdade seu álbum mais conhecido fora dos fãs dos primeiros albuns. E, claro, os fãs esperavam um AM 2. Aí quando o álbum sai no Spotify, o que você escuta é “Tranquility Base Hotel & Casino. Como fazemos?
Ao que se sabe, Alex Turner, líder dos Arctic, passou por um momento de sua vida tentando aprender a tocar piano. Ele ainda não domina o instrumento, mas a influência do instrumento nesse novo trabalho, que como o do Arcade Fire dividiu opinião de críticos e de sua fã base por trazer uma vibe bem diferente de que seus fãs da era Hunburg, seu álbum de 2009 e o AM de 2013 é perceptível. Há pessoas que estejam opinando que esse novo trabalho esteja próximo do que ele tem feito em The Last Shadow Puppets, que é um trabalho que ele tem feito com Miles Kane, da banda The Rascals, conhecida por trazer arranjos mais próximos do folk, e tem fãs dizendo que parece ser um álbum solo de Alex que a banda assinou embaixo.
O que se percebe na sonoridade do álbum é a presença de sintetizadores, guitarras brandas( bem mais do que em trabalhos anteriores) e o piano que adentrou a vida de Alex nos últimos quatro anos.
O álbum traz letras confessionais embaladas por uma vibe bem jazzística com influência da musica eletrônica. Percebe-se que esse pode ser um caminho a ser tomado pelos Arctic nos trabalhos vindouros a esse, visto que eles são agora todos homens de mais de 30 anos amadurecidos. E traz canções sobre ficção científica e sobre a vida estar agora ambientada em ambientes de cassinos e de hotéis luxuosos, mesmo que estejam dentro de um jogo de videogame, totalmente no plano virtual.
Está claro que como os Radiohead nos anos 90, insatisfeitos com o hype em torno de OK Computer, que os alçou ao status de novos U2, Alex Turner também estava insatisfeito com o sucesso de AM. Que trouxe fãs que estão prestes a abandonar a banda após esse álbum menos comercial, dizemos assim. E quis quebrar isso com um álbum mais autoral e menos acessível.
Na primeira canção, apesar dessa sonoridade totalmente diversa da que os alçou ao sucesso, Alex chega dizendo que “Eu só queria ser um dos Strokes/Olhe agora a bagunça que você me fez fazer.”
Pode perceber-se que esse álbum inteiramente transita em torno dos conflitos de criação autoral de Turner na feitura desse álbum, trazendo canções que refletem isso. Como por exemplo as já adoradas pela sua fã base One Point Perspective em que aborda temas políticos, e também canções que tratam da robotização nossa de cada dia, tema já tratado em canções de outras bandas contemporâneas como os MGMT, ou mesmo mais antigas como o REM, no seu aclamado Automatic for the People, e também críticas ás redes sociais que vêm ditando regras como na faixa título, e traz a poesia de Alex como algo que traduzisse (ou tentasse) as paranoias de sua cabeça.
E mesmo os arranjos melódicos das músicas traz à tona influencias de pérolas do folk como Serge Gainsbourg, Leonard Cohen e até mesmo Bob Dylan e mais pessoas setentistas, mesmo nos arranjos de pianos. Na realidade deve ser mesmo verdade, esse álbum foi pensado para ser um álbum solo de Alex e que de última tomada, a banda resolveu embarcar nessa van.
Mas Alex precisa amadurecer mais se pretende tomar essa sonoridade a la Nick Cave, pois a sua lírica aqui nesse álbum soa cheia de lacunas, mas que podem ser resolvidas ou preenchidas em trabalhos vindouros dele. E com mais amadurecimento.
Comentários
Postar um comentário